quinta-feira, 14 de julho de 2011

SP: Quintas (56)

ESSA ALMA PEREGRINA


Tenho dormido bem tarde por causa das conversas caseiras, que insistem em varar as noites. Conversas sobre o Facebook, sobre o novo site que o Google está construindo, e breve irá lançar, e segundo se diz, é mais avançado que o Facebook, com novos recursos, e também conversamos sobre a blogosfera, sobre a alma do blog, sobre aquilo que o ministro disse, que o blog é a casa da pessoa, e conversamos sobre poemas, e sobre poetas, e os poetas amigos, e precisamos dormir gente!
Mas as conversas varam as noites, como varais, cordéis, rios caudalosos, correndo majestosamente, encantando as margens verdes, e falamos sobre utopias, sobre a confusão que se faz hoje com relação a essa palavra, e tem gente que põe a utopia naquilo que não é.
Claro que cresci menino ouvindo as conversas caseiras, foram elas que transbordaram a minha alma de folclore, e lendas, e crenças, que só vieram a me ajudar mais tarde, como escritor.
Agradeço profundamente aos meus pais por aquelas conversas todas, regadas de vinho e superstições e encantamentos e quebrantos e sinas e vendavais e bambuzais e o rádio, o enorme rádio cor de cerejeira, na sala.
Mas hoje cá estou em dois mundos, um, o da internet, com seu universo extraordinário, e o mundo caseiro, onde a conversa deixa o coração marejado, e os olhos sonolentos no amanhã. Sonolentos de conversas.
A alma vai num blues, vai no acordeon que o vento faz nas folhas alisadas pelo dourado alisamento do sol.
Essas conversas caseiras são sempre enriquecedoras, elas nos remetem ao mergulho da literatura. É assim que a literatura quer nascer, nas vozes entrelaçadas, nas coisas que se dizem, nos sulcos nos rostos que o dia fez.
Então, me pus a pensar: o que afinal alimenta essa alma peregrina?
Resposta: tudo. O livro que eu leio, as coisas que escrevo, e penso, as crianças ao redor, lembrando ao mundo que existe algazarra, os amigos virtuais, e as conversas caseiras.
E assim vamos indo, e cá estamos, pois somos os norteadores da impressionante história de viver. Uma jornada sempre pode começar num sorriso, vivo a dizer.
Que sejamos! A poesia, eu sei, ela não tem jeito.

MARCIANO VASQUES

Alguém me lembra de outra alegria. Quase com certeza, a Copa do Mundo de 2014 será aberta aqui, ao lado da minha casa, aqui, em Itaquera. Viu, Rita?

 Marciano Vasques 

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