quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SP: Vice-Versa de Novembro de 2010

Meus caros,
Estou postando, com muita satisfação, o Vice-Versa de novembro entre o escritor Marciano Vasques, da regional SP e a editora independente Agueda Guijarro.
Grande abraço,
Regina Sormani


Agueda Guijarro

Marciano Vasques


Marciano responde.

1.Como foi entrar como autor no universo da Literatura Infantil?

Passei a minha infância criando mil capas de gibis e suas respectivas aventuras. Depois, na adolescência, escrevi todos os poemas, e sempre permiti que essa gigantesca felicidade, a da leitura, fizesse parte da minha vida. Então, depois de ter pintado quadros, e desenhado muito, e publicado Histórias em Quadrinhos em jornais, decidi num dia sábio que seria escritor, já que de ser poeta era inútil fugir, eu já estava docemente condenado para isso. Passei então a escrever poemas que outros poetas liam, e cada vez mais "intelectuais". Então aconteceu algo extraordinário em minha vida: comecei a dar aulas para crianças... E logo em seguida tornei-me Professor Orientador de Sala de Leitura... Foi ai que tive o meu primeiro contato profundo com a Literatura Infantil...

2. Conte-nos qual livro marcou sua infância e / ou adolescência.

Quando era bem mais menino li o livro do Monteiro Lobato com o rinoceronte na capa. Aquele mundo me fascinou, fiquei encantado, sem possibilidade de quebrar o encanto. Mas na infância li mesmo pra valer os gibis, os meus companheiros inseparáveis. Por onde eu andava, o "Espírito que Anda" me acompanhava, com toda a sua "mitologia". Na adolescência, li um livro de Jorge Amado que me impressionou. Jubiabá. A forma como ele conduzia a narrativa mesclando a sua poesia natural com a exacerbação erótica me cativou. A cada página eu me enluarava nas suas narrativas. Estava diante de um escritor que trazia a maresia quando falava do mar.

3. Já leu algum livro e ao terminá-lo, pensou: "Puxa, eu gostaria de ter escrito este livro!" Qual e por quê?

Crônica de Uma morte anunciada. Li de um só gole, gole de Coca - Cola, enfim... Mas li sem parar, pois não dava para parar. O texto me lembrando o tempo todo de A Morte e A Morte de Quincas Berro D'Água. A narrativa assim cinematográfica, naquele estilo vertiginoso. Realmente, eis um livro que eu gostaria de ter escrito. De qualquer forma, tantos e tantos eu gostaria também de ter escrito, inclusive e principalmente na Literatura Infantil, que temos coisas tão lindas e preciosas.

4. Como é o seu processo de criação? Tem um cantinho especial ou um horário... quando você sente que de uma ideia está nascendo um livro?

Horário eu tenho sim, para passar a limpo, passar para a tela, quando não escrevo diretamente, como atualmente ocorre. Mas o processo de criação? Escrevo no ônibus, no metrô, sempre foi assim. As ideias são serelepes, são bem sapequinhas, e não avisam quando vão chegar. Então, não me dão tempo de criar uma rotina. Mas sou disciplinado. Das 4 horas da manhã até às 6 horas, o computador é meu, mesmo porque todos estão dormindo.


Agueda responde

1. Como editora, qual o sentimento que sente ao aprovar um livro, e saber que a partir desse gesto, dessa decisão, uma nova obra poderá encantar e influenciar mentes e corações, e contribuir para a andança das palavras no mundo escrito?

É muito satisfatório, mas a responsabilidade tem a mesma proporção. Quando um texto é aprovado, já imaginamos o caminho que queremos que ele percorra, assim como um filho. Mesmo sabendo que depois de pronto, já não temos mais controle sobre ele. Saber de alguma adoção ou prêmio recebido, essa é a maior contribuição. Além dos pedidos de reimpressões... 

2. Sempre está presente aos eventos de lançamentos dos autores, e comparece para dar o seu abraço, manifestar o seu carinho. Considera esse relacionamento com o autor algo importante no universo literário?

Sim, esse contato pessoal é muito importante ainda mais nesses tempos tecnológicos. Produzimos um livro inteiro sem nunca ver o autor ou o ilustrador. Só tendo contato por e-mails e telefone. Sempre que possível gosto de fazer pelo menos uma reunião pessoalmente. É bom conversar olho no olho! Passa confiança, além de estreitar o vínculo profissional.

3. Cada um tem a sua história. Qual a sua? Qual é a sua trajetória? Os momentos marcantes que delinearam o seu caminho no mundo das letras?

Entrei na área editorial por acaso. Quase fiz Direito! Por influência de uma tia, prestei vestibular para Comunicação Social. Passei, desisti do Direito e me formei em Produção Editorial. Depois de alguns estágios, fui trabalhar com edição de livros médicos. Quando saí da Editora Lemos entrei na Salesiana para trabalhar com a edição dos livros religiosos. Depois, passei para literatura infantil e juvenil, onde fiquei por 5 anos. Foram muitos os momentos marcantes. Cada livro produzido traz uma “história de bastidor” que me fascina. Mas, a maior satisfação é receber o retorno do autor comentando sobre o livro pronto. E depois as vendas! Além dos prêmios. 

4. O governo compra livros, isso é louvável. Porém, o que mais deveria ser feito em nível de governo para aproximar os jovens da leitura?

Imagino que também é preciso preparar melhor os professores para trabalhar com esses livros. Além da escolha de textos que dialoguem com os jovens dentro de sua realidade. Claro que os clássicos são importantes, mas sem um preparo em relação ao texto que será trabalhado, é difícil. A linguagem distancia o jovem desses textos, mas com um professor bem preparado, o aluno só irá ganhar.

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