quarta-feira, 22 de março de 2017

RS: Nova associada: Eleonora Medeiros

ELEONORA MEDEIROS

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Quando criança, sempre preferi ler, rabiscar e escrever a brincar na rua. Meu fascínio pela leitura e seu processo começou no Curso de Magistério onde como aluna, mediadora de leitura, encantei-me com o poder que os livros têm sobre a infância. No curso, havia uma professora de LIJ que acreditava no meu potencial e encorajou-me a aprofundar os estudos nesta área, procurei também apoio em cursos de teatro e jogos dramáticos. Formada em Pedagogia e ministrando aulas especializadas durante 20 anos, pude aprofundar estudos  sobre o interesse infantil no universo literário.  Aos poucos fui construindo uma vasta biblioteca pessoal e colecionando histórias na alma para espalhar e repartir com quem encontrava no caminho. O desejo de difundir a literatura infantil levou-me à iniciativa de abrir uma livraria especializada em LIJ que recebia publico infantil para audição de histórias e poesias, saraus, oficinas, leitura e aquisição de livros para que cada um pudesse fazer a sua biblioteca pessoal. No meio de tantos contos que chegavam às minhas mãos, minhas narrativas começaram a brotar. Uma pequena editora interessou-se e fizemos uma bela parceria. Gosto de pensar que a Literatura infantil é um passarinho, que procura fazer ninho no coração das crianças. Hoje viajo a convite, levando histórias para que elas façam novos ninhos.

2) Três livros seus para quem não te conhece.
A história que escrevi em 1998, "Uma colcha para cobrir o mundo", ilustrada  por Dane D'Angeli, é uma viagem no universo mágico da relação entre uma neta e sua avó. O livro evoca os laços entre nossos familiares e os cuidados que devemos ter com o ambiente que nos rodeia despertando o cuidado com a natureza e seus seres vivos. Um tema abordado com delicadeza, nestes tempos acelerados, onde tudo é urgente. Como faz falta sentar e apreciar o por do sol, colher frutas no pomar, refrescar os pés no riacho, fazer um cafuné no filho. São gestos simples, tão importantes e tão esquecido.
"Luzia  A gatinha pretinha" foi meu maior desafio. O processo de criação desabrochou em mim diferentes veias artísticas. Ilustrei o livro em parceria com minha filha mais velha Paola Medeiros. Compus 10 canções e melodias com  Cesar Santos, cantor e compositor, e gravei as canções do CD que acompanham o livro. Produzi um musical com a  professora de ballet  Lenise Ebre e suas 38 alunas. O musical do livro foi apresentado em 2 sessões no Teatro Rosalina Pandolfo, em Uruguaiana e no Centro Cultural em Alegrete. A história é meu carro chefe! Sou convidada a levar Luzia a muitas feiras de livros escolares pelo estado do RS e também a feiras de âmbito municipal, estadual e nacional, como foi o caso da Feira de Resende – FLIR – e a de Joinville. Devo muito a esta gatinha!  Aqui meu foco era a aceitação das diferenças e a quebra de tabus e superstições.
"A Princesa escabelada e o galante vendedor de pentes” escrevi na época em que li os livros de Diana Corso e desejei aventurar-me  no mundo dos contos de fadas. O resultado foi um livro divertido para crianças e pré-adolescentes, que estão em um momento de descobertas e mudanças. Narra a aventura de dois personagens que desejam ser quem realmente são, mas batem de frente com  as expectativas do mundo em relação a eles.  

3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Pretendo seguir estudando e viajando, criando e publicando. O estudo aprofundado da palavra é algo que desejo muito, através de cursos de escrita criativa, especializações, mestrado, doutorado. É um sonho de consumo distante para quem mora no interior e não tem acesso a grandes instituições. Por isso, tenho metas e planos que pretendo realizar em um futuro a longo prazo. Nos próximos cinco anos pretendo continuar estudando livros especializados, da área da literatura e aprendendo com pessoas que encontro ao levar as histórias. Planejar o futuro é algo incrível, pois estes planos passam pelo imaginário e assim podemos ser o que sonhamos ser. Eu sou muito feliz, sou o que sonhei ser até aqui. Levo para minha comunidade e por onde ando a minha contribuição, as minhas histórias e aquelas que recolho pelo caminho em minhas andanças. 


Foto: Arquivo pessoal