sábado, 30 de junho de 2012

SP: Canto & Encanto da Poesia - História mal contada

HISTÓRIA MAL CONTADA

Quis fazer a quarta história
com rainhas bem malvadas,
princesinhas delicadas
e os nobres mais diversos.
Quis também fazê-la em versos.
bem rimada e na medida
pra ficar mais divertida
de contar para vocês.

No início, até foi fácil:
inventei que um certo conde
escondeu, sei lá eu onde,
o chapéu da princesinha,
a coroa da rainha
e a peruca da duquesa,
pra depois, por malvadeza,
por a culpa no marquês.

Foi então que o feitiço
virou contra o feiticeiro:
o tal conde, traiçoeiro,
do marquês roubou a rima
e depois, ainda por cima,
afirmou que duvidava
que eu achasse a tal palavra,
mesmo que levasse um mês.

Não gostei da brincadeira
mas fingi que nem dei bola...
revirei minha sacola,
espiei atrás do armário,
procurei no dicionário,
no chapéu, no meu chinelo
e por todo esse castelo,
com apuro e rapidez.

Vasculhei quarenta quartos,
cem caixotes, mil gavetas,
cento e trinta e três saletas
e um porão empoeirado.
Tudo em vão! Desanimado,
sem poder fingir mais nada,
eu gritei: “Que palhaçada
que o maldito conde fez!”

Eu já ia desistindo
quando tive uma surpresa:
descobri, perto da mesa,
um baú misterioso
que eu, muito curioso,
logo vi estar trancado,
mas um pontapé bem dado
fez a coisa abrir de vez.

Achei lá uma coroa,
um chapéu, uma peruca
e- que coisa mais maluca-
um gatinho siamês,
um cachorro pequinês,
uma taça de xerez,
um boné de lã xadrez
e o coitado do marquês.

O chapéu, dei pra princesa,
a peruca, pra duquesa,
 a coroa, pra rainha,
um ossinho pro cachorro,
uma anchova pro gatinho
e um golinho no xerez;
pus o boné na cabeça...
e dei adeus pro marquês!

Poesia de May Shuravel Berger,associada da regional paulista da AEILIJ
Livro: Na casa do curinga publicado pela Companhia das Letrinhas.

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