terça-feira, 1 de maio de 2012

SP: Vice-Versa de maio de 2012

Amigos!

No Vice-Versa de maio vamos encontrar as entrevistas dos escritores: Eliana Martins  e Manuel Filho, associados da regional paulista.
Agradeço a participação de ambos. Um abraço a todos.
Regina Sormani


Eliana Martins

Manuel Filho


Respostas de Manuel Filho

1) Manuel, você, que já era cantor e ator, por que desejou ingressar na literatura?

Eli, eu nunca fui nada, as coisas foram entrando na minha vida. Como sempre digo, eu conheci as variadas atividades artísticas quando comecei a frequentar a biblioteca pública. Lá eu ouvia discos (cantor), fazia peças de teatro de vários tipos (ator), lia bastante (escritor). Também desenhava e, durante um tempo, fiz alguns desenhos, mas abandonei, não tenho talento para essa atividade. Depois de, ao longo da minha vida, refletir sobre o assunto, descobri que todas as minhas manifestações artísticas partem de uma mesma raiz: a palavra. Só canto palavras que acredito, tenho muita dificuldade em me imaginar cantando palavras que não tenham a ver comigo. Na literatura, também busco criar histórias que me motivem a colocar palavras no papel e, no teatro, sou mais flexível. Sempre posso acabar interpretando personagens que podem dizer coisas que eu jamais diria.

2) Qual dessas três artes acha a mais completa: música, teatro ou literatura?

Acho que nenhuma supera a outra, cada uma possui uma coisa divertida, aspectos diferentes. Como cantor, gosto de cantores que me desafiem, que façam coisas que eu admiro. Não estou falando de alcançar notas muito agudas ou graves, apenas, mas que apresentem alguma capacidade interpretativa que me provoque. Acho que, como cantor, é o momento em que estou mais exposto, não dá para me esconder atrás de figurino, cenário, páginas... Estou ali, mostrando quem sou e oferecendo o meu melhor, ao vivo. No teatro, existe uma necessidade imensa de cumplicidade. Acho que a atividade só “rola” se você confiar em todo mundo que participa dela: do bilheteiro ao seu parceiro de palco. Já tive esses momentos e também os opostos. A literatura, de todas, me parece ser a atividade mais generosa: não te julga pela idade, pelo aspecto físico, pela beleza, mas sim, pelo que você é capaz de criar e, talvez, seja uma das mais duradouras que existem.

3 - Dizem que para se tornar um escritor é preciso ser rato de biblioteca. Você era um?

Eu não tinha livro em casa e não havia biblioteca na minha escola. Na biblioteca pública Monteiro Lobato eu encontrava tudo o que eu desejava. Havia o setor infantil onde eu sempre me divertia muito e o livro era parte da brincadeira. Acho que é por isso que acabei gostando tanto deles, nunca me foram colocados como obrigação. Não me considero um rato de biblioteca, mas ela foi meu playground, um dos lugares que eu mais amava ir diariamente, sim, diariamente. Muitas vezes minha mãe teve que ir me buscar, rs

4 - Qual a sua receita para transformar uma criança não leitora em leitor?

Acho que é dizer a verdade: você não precisa ler até o fim um livro do qual não goste, não se torture. É claro que haverá situações em que isso não será possível, mas, quando a escolha por um livro for de alçada do leitor, sugiro que ele não sofra. Penso que seja mais adequado que a leitura seja entendida como um prazer, nunca como obrigação.. 


Respostas de Eliana Martins

1 - Sei que você é cheia de ideias. De que maneira você as prioriza?

Realmente, as idéias pululam, nas cabeças de todos nós, escritores. 
Procuro triá-las fazendo uma pesquisa do que o mercado está pedindo, os professores estão precisando e os editores buscando. Assim, uno o útil ao agradável: parte criativa com parte comercial.

2 - Qual a sua expectativa diante dos livros virtuais?

Como gosto sempre de me reciclar, acredito que os leitores e editores também. Assim, creio que há, entre nós, lugar tanto para os virtuais como para os impressos.
Eu prefiro manusear o livro, sentir o cheiro do papel. Mas a geração virtual chegou para ficar. Assim, que venham os livros virtuais. Um não concorre com o outro.O que importa é aumentar o número de leitores, no Brasil. 

3 - A vida do escritor seria mais fácil se... 

De minha parte, respondo a essa pergunta com toda sinceridade e rapidez: a vida do escritor seria muito mais fácil se houvesse mais respeito, por parte dos editores, ao nosso trabalho. Se nunca atrasassem os pagamentos. Se pagassem, sempre, direitos autorais justos. O ato de escrever é o emprego do escritor. Uma editora não sobrevive sem os escritores, bem como nós sem elas. Portanto o respeito entre um e outro deveria ser o mesmo. Infelizmente, nem sempre é assim.

4 - Qual pergunta que nunca te fizeram e você acha que ainda vão te fazer?

Nunca fizeram, mas gostaria que fizessem, a pergunta seguinte:
Por que, apesar de todas essas dificuldades, você ainda quer continuar escrevendo?
E a resposta seria:
Por que amo escrever. . .

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