quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SP: Quintas (61)

ESTILHAÇOS


Iras, erros em vidas errantes,
murros na mesa,
palavras geladas cortando mais que facão.
O diapasão, e vozes, o carvoeiro. O arame farpado, e as farpas de poucas palavras.
Navalhas, canalhas, mulheres ralhando, algumas falando aflições,
fiando segredos,
perdas, perdões. Pardais e tudo um dia se vai.
Até a chuva na calha? Amora? Romã? O aroma, a canela? O alecrim? O anis?
A caiação, a janela?
Lá na bica, ninguém viu, só se fala de boca, um homem cansado chorou.
Terá o pranto escorrido nas coisas do dia ou era orvalho?
Lá, onde se dizia, jogavam baralho na frágil fumaça do dia, cada história, menino!
Sempre havia uma mulher de olhar nublado
que perdia as almas que bailavam,
no alvoroço das falas. Uma fulana, comadre.
Não passam de mutilações os descasos.
Lá, onde é longe, e era, meninas brincavam,
E brinco e anel e ninguém presta atenção no tempo, como ele merece.
Seu moço, eu pudesse, só diria
Do verde brilhando na varejeira.
Réstias, assoalhos, sarilhos, cada qual estava tão ocupado,
Que nem se ouviu dizer
Que até o apito da fábrica
Traz em si o brusco desejo da poesia.

“Se você jurar que não conta para ninguém!”

Um homem caiu do andaime. Como chovia naquele sábado!
E o menino? Para aonde ele foi?
Já está de carretel a correr ventania. Ligeireza de tempo.
E cá entre nós, ladrilhos, pastilhas,
E uma mulher buscava macela.
Tempo?
Ainda bem que as crianças nem ligam.


MARCIANO VASQUES

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