sexta-feira, 3 de setembro de 2010

SP: Quintas (25)

ROSPO E A POESIA
(Para Ferreira Gullar)


Sapabela apresenta o Rospo para uma amiga:
- Senhor Rospo, fiquei sabendo que o senhor é um poeta...
- Dizem...
- Poderia escrever um poema para mim?
- Um dia, quem sabe...
- Agora.
- Agora?
- Sim. Qual o motivo do espanto?
- Isso não é possível.
 - Pensei que o Sr. fosse um poeta autêntico.
- Por isso mesmo.
- O que o impede de escrever um poema agora?
- A poesia.
- Explique isso.
- Ele explica, pode ficar tranquila.
- A poesia não surge, não brota, a partir do decreto do querer. O poeta não está o tempo todo disponível para a poesia...
- Interessante.
- Na verdade é a poesia que pede passagem...
- Como assim?
- Ela não é um arranjo mecânico e calculado de palavras. E quando pede passagem, não há porteira que feche o coração.

Marciano Vasques

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